Pelos dedos.

10 07 2009

Os dedos que tocam o piano

Deslizam sobre uma folha de papel em branco

São eles que escrevem e seguram a pena que risca

Os dedos que indicam, apontam, determinam

São os mesmos que acarinham e futucam

Penetram, beliscam e assanham os cabelos

Eles negam e trazem olhos para si

Mas abanam e se despedem

Problematizam e acalmam

São esses dedos corpóreos e também amorfos

Que limpam o suor, furam superfícies

e descobrem

e constróem

e quebram

e destróem

Mas não são dedos de um corpo

São dos corpos formados por eles

Corpos de relação, interação, fúria, gozo, dor, opressão, sabor, ponte, meta, ato…

São dedos anunciantes

Da gente, de gente, que sente, que é…